Qual é o sabor que a análise pode acrescentar a uma vida? Você já pensou sobre isso?

Já imaginou fazer sua refeição em um deserto cercado de beduínos ou, quem sabe, até de camelos? Foi este cenário que um presente ofertado por uma pessoa versada em culinária acionou: um pequeno ramo das folhas do pé da combava (Kaffir lime). Sua folha é dupla, com uma forma que imita um oito deitado. A árvore frutífera é nativa do sudeste asiático; dá frutos de casca grossa e rugosa.

Essa oferenda me foi dada em uma conversa na qual quem me presenteou me contou que a cozinha oriental é tida por muitos como uma das mais perfumadas. Além do tempero requintado de suas iguarias, a preparação dos pratos envolve os comensais numa atmosfera mágica tipo as “Mil e uma noites”. A combava ajuda no clima: perfuma as iguarias e lhes dá um sabor único. 

A árvore da combava tem “mil e uma utilidades mágicas”. As suas folhas são utilizadas para tratar picadas de insetos e sua casca ralada é considerada um tempero muito especial, principalmente na culinária tailandesa, para perfumar frutos do mar. 

Esse feliz encontro fez-me pensar acerca do quanto de tempero uma análise pode acrescentar a uma vida. Na vida, há cheiros e sabores que não se explicam. Só são sentidos quando tocam quem está sensível. É pena, mas há quem consiga passar batido, por exemplo, ao sentir o cheiro de mato molhado depois de uma chuva de verão, ou, ainda, de pão saindo do forno ou de bolo fresquinho. 

Uma análise, então, pode tornar a vida de alguém mais saborosa e mais perfumada na medida em que é um convite para que um sujeito se toque com esses cheiros e perfumes que o cercam e sempre estiveram ao seu redor. Depois de uma análise, esses cheiros, temperos e sabores afetam o corpo, roçam a pele, marcam alegremente a vida e a história de uma pessoa. 

Uma análise visa, pela via do desejo, a temperar a vida de um sujeito, equilibrando, na medida do possível, seus sabores e dissabores.