Mitema

– E assim nasce o mito:
o mito dos treze
o mito dos sete
o mito dos nove
noves fora, zero.

– E assim nasce o mito:
Com ele, a expiação/purgação,
culpa/reparação.

– É preciso expiar,
É preciso reviver,
É preciso pagar.

– Os anos passam…
Os dias correm…

– Vem Electra,
que veio por Clitemnestra,
e esta só pôde vir por Agamenão e ela.

– Vem Orestes, que se junta a Electra,
que vingam na mãe,
o ódio do pai.

– Está formado o triângulo:
Edipiano/Orestiano/Matrícídio.
Triângulo suicídio.

– Como estes existem tantos!
Tanto quanto forem os mitos,
emoções
parricídio/paixões.

– Nasce a tragédia
por causa triângulo,
outra ponta do triângulo,
“Então é retângulo”! dirão vocês!

É o retângulo grego:
Morte/vingança/culpa/reparação!

– Com isso a roda vai…
vai passando,
vai levando,
vai trazendo,
analisando!
– Vem Narciso, vem Electra,
que traz Teseu,
que puxa Édipo.

Está pronta a equação:
a figura está formada:
são quatro lados
são quatro ângulos
só falta a solução!

– Solução purgação
solução mágico-trágica
solução superstição!

– Quantos mitos há por aí?
espantalho na horta,
espelho quebrado,
sapato virado,
figa na porta,
cuidado: é mau olhado!

– A tentativa,
ainda que furtiva,
pode ser vã…

– Não contém solução…
nem superstição…
mas está no divã!
Noves fora, menos um.


Sobre gloriavianna@terra.com.br

Glória Vianna é psicanalista lacaniana e carioca. Formada em Psicologia pela PUC-RJ, fez curso de especialização em Arteterapia no Instituto de Arteterapia no Rio de Janeiro. Nessa área, trabalhou com grupos de crianças de 4 a 9 anos. Até hoje, adora história da arte (e sabe contar, com arte, várias histórias no atendimento de crianças). Durante quatro anos, fez formação analítica na Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, no Rio de Janeiro. Fundou, com um grupo de psicanalistas brasileiros e argentinos, a Escola de Psicanálise de Niterói, em 1983. Nessa época, traduziu as conferências de Gerárd Pommier e Catherine Millot. As traduções foram publicadas na revista da escola, “Arriscado”. Ama cavalos. Durante quase 10 anos dedicou-se à criação de cavalos árabes, criação essa que chegou a ter amplo reconhecimento no exterior. Vinda para São Paulo no final do ano de 1989, adaptou-se, a duras penas, à vida paulistana, onde, inclusive, fez Mestrado em Linguística na PUC-SP. Hoje, transita com facilidade entre São Paulo e Rio de Janeiro, mantendo clínicas em ambas as cidades. Eu seu site, Glória divide, com muito bom humor, pequenos episódios retirados de seus mais de 30 anos de clínica.
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